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O que são figuras estilísticas?

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Figuras estilísticas são recursos que o autor usa para tornar o texto mais expressivo, bonito ou impactante. Elas ajudam a transmitir emoções, criar imagens mentais e até provocar reflexões.

Elas estão divididas em alguns grupos, dependendo do efeito que causam. Vamos ver os principais tipos com exemplos simples?

1. Figuras de Palavras (ou Tropos)

Essas figuras mudam o significado comum das palavras para criar imagens diferentes.

a) Metáfora

É uma comparação implícita, sem usar “como”.

Exemplo: “Ela é uma flor.”
(Ninguém é literalmente uma flor, mas aqui a frase mostra que a pessoa é delicada, bonita, etc.)

Agora observe o exemplo na tirinha abaixo:

Aqui percebemos o uso da metáfora quando a mãe do Armandinho fala “Filho, você é o meu sol”, afinal, ninguém é literalmente um sol, na verdade, é uma forma carinhosa e intensa de dizer que alguém é muito importante e faz bem à sua vida.

b) Comparação (ou Símile)

É como a metáfora, mas com palavras como “como”, “tal qual”, “parece”.

Exemplo: “Ela é delicada como uma flor.”

Antes de continuar com as outras figuras de palavras, vamos entender a diferença entre metáfora e comparação de forma mais clara e objetiva?

A comparação faz uma ligação entre duas coisas usando palavras como “como”, “igual a”, “parece”. Por exemplo:

“Ela é corajosa como um leão.”
Aqui a gente tá dizendo que ela é corajosa, e comparando com um leão.

Já a metáfora vai direto ao ponto, sem usar essas palavras. Ela não compara, ela afirma. Por exemplo:

“Ela é um leão na hora de enfrentar problemas.”
Claro que ela não é um leão de verdade, né? É só uma forma de dizer que ela é muito corajosa.

Então, resumindo:

  • A comparação usa palavras para ligar as ideias (tipo “como”).
  • A metáfora fala de forma mais direta, como se uma coisa fosse a outra.

Agora vamos seguir em frente com a próxima figura de palavra!

c) Metonímia

É quando se troca uma palavra por outra com a qual ela tem uma relação de proximidade.

Exemplo: “Li Machado de Assis.”
(Na verdade, leu um livro escrito por Machado de Assis.)

Abaixo, observe esse mesmo exemplo de forma humorística:

d) Catacrese

É o uso de uma palavra fora do seu sentido comum, por falta de outra melhor.

Exemplo: “As pernas da mesa estão quebradas.”

Veja outros exemplos de catacrese:

Braço da cadeira – Cadeira não tem braço de verdade, né? Mas a gente chama assim.

Dente de alho – Alho não tem dentes, mas a gente usa esse nome para cada pedacinho dele.

Pé da mesa – Mesa também não tem pé, mas usamos isso pra parte de apoio.

Embarcar no avião – “Barco” virou “embarcar”, e a gente usa até pra avião ou ônibus.

Boca do forno – O forno não tem boca real, mas usamos essa expressão.

Cabeça do prego – A parte de cima do prego não é uma cabeça de verdade.

Asa da xícara – Aquela alça da xícara é chamada de asa, mesmo não sendo asa de voar.

Céu da boca – É o palato, mas a gente chama de céu da boca.

Maçã do rosto – É a parte mais saliente do rosto, perto da bochecha.

Navegar na internet – A gente usa “navegar” no sentido figurado, emprestado da navegação nos mares.

2. Figuras de Pensamento

Aqui, o foco é na ideia que se quer passar. São usadas para emocionar, exagerar ou dar destaque a algo.

a) Hipérbole

É o exagero intencional.

Exemplo: “Estou morrendo de fome!”

Preste atenção no exemplo abaixo que explica essa figura de linguagem de forma ilustrada:

figuras estilísticas

b) Eufemismo

É uma forma suave de dizer algo desagradável.

Exemplo: “Ele passou desta para melhor.” (em vez de dizer que morreu)

Vamos ver mais exemplos abaixo que usamos muito no dia a dia para tratar de assuntos delicados ou para parecer mais educado na hora de falar:

“Ele partiu.” – no lugar de “ele morreu”.

“Ela foi morar com Deus.” – também para dizer que alguém faleceu.

“Está acima do peso.” – em vez de dizer “está gordo(a)”.

“Ele tem necessidades especiais.” – em vez de “ele é deficiente”.

“Virou um anjinho.” – maneira suave de dizer que uma criança faleceu.

“Está na melhor idade.” – forma mais gentil de falar que alguém é idoso.

“Teve uma infância difícil.” – ao invés de “foi maltratado ou passou fome”.

“Foi dispensado da empresa.” – no lugar de “foi demitido”.

“Ela é desprovida de beleza.” – ao invés de “ela é feia”.

c) Ironia

É quando se diz o contrário do que se quer realmente dizer, geralmente com tom de crítica ou humor.

Exemplo: “Que beleza de atraso, hein!”

Leia mais alguns exemplos abaixo que são bastante usados no dia a dia:

“Nossa, que pontual!”
(quando a pessoa chega bem atrasada)

“Ah, que legal! Perdi meu ônibus de novo.”
(claramente não é legal, a pessoa está irritada)

“Parabéns, hein! Tirou zero na prova!”
(o “parabéns” é usado de forma sarcástica)

“Claro que você não tem culpa… só estava lá, com a mão no bolo.”
(quando está óbvio que a pessoa é culpada)

“Você estudou tanto que nem acertou uma!”
(a ironia está em dizer que estudou, mas o resultado mostra o contrário)

“Adoro quando chove no dia do passeio!”
(ninguém gosta, é uma crítica disfarçada)

d) Prosopopeia (ou Personificação)

É dar características humanas a seres não humanos.

Exemplo: “O vento sussurrava no meu ouvido.”

Essa figura de linguagem também é muito utilizada em fábulas e contos infantis, quando atribuímos características humanas a animais ou seres inanimados, como em “O leão e o rato”:

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e) Antítese

É o uso de palavras com significados opostos na mesma frase.

Exemplo: “O amor e o ódio caminham juntos.”

Preste atenção em mais alguns exemplos muito comuns:

“Ela era o céu e o inferno na vida dele.”
(céu x inferno)

“Ricos e pobres convivem naquela cidade.”
(ricos x pobres)

“A vida é feita de vitórias e derrotas.”
(vitórias x derrotas)

f) Paradoxo

É quando há uma contradição aparente.

Exemplo: “É ferida que dói e não se sente.”

Para compreender melhor, leia mais exemplos abaixo:

“É uma guerra pacífica”

(Como a guerra pode ser pacífica se uma guerra envolve conflitos e violência?)

“É morrendo que se vive.”
(como viver pode vir da morte? Paradoxo com sentido espiritual)

“O pra sempre, sempre acaba.”
(algo eterno… que termina?)

“Tenho pressa de viver devagar.”
(pressa e calma na mesma frase)

3. Figuras de Som

Elas brincam com os sons das palavras, trazendo musicalidade ao texto.

a) Aliteração

Repetição de sons consonantais.

Exemplo: “O rato roeu a roupa do rei de Roma.”

(Aqui vemos a repetição da letra “R”)

b) Assonância

Repetição de sons vocálicos.

Exemplo: “A aranha arranha a rã.”

(Repetição da vogal “A”)

c) Onomatopeia

Imitação de sons.

Exemplo: “O tic-tac do relógio me incomodava.”

No exemplo abaixo, a onomatopeia “chomp chomp” representa o som da personagem Magali comendo.

figuras estilísticas

4. Figuras de construção ou Sintaxe

Essas figuras mexem com a estrutura da frase.

a) Elipse

É a omissão de uma palavra que está subentendida.

Exemplo: “Fiz o trabalho, ela, a apresentação.”

(omissão do verbo “fez” na segunda parte)

Vamos ver mais exemplos de elipse abaixo:

“Eu vou ao cinema, e você?”
(a parte “vai ao cinema” está subentendida)

“No verão, praia; no inverno, montanha.”
(omissão do verbo “vai-se” ou “prefere-se”)

b) Zeugma

Parecida com a elipse, mas omite uma palavra que já apareceu antes.

Exemplo: “Eu gosto de sorvete, ela de chocolate.”

Muitas pessoas podem confundir elipse e zeugma por serem figuras de linguagem muito semelhantes, porém, é importante que você saiba diferenciá-las. Vamos lá?

Na elipse, a palavra que falta não aparece na frase, mas a gente entende pelo contexto.

No zeugma, a palavra que falta já apareceu antes na frase. Para não repetir, ela é omitida, e a gente entende porque a frase segue o mesmo padrão da anterior.

c) Anáfora

Repetição de uma palavra no início de frases ou versos.

Exemplo: “Tudo cura o tempo, tudo vence o tempo, tudo transforma o tempo.”

d) Pleonasmo

É o uso de palavras redundantes para reforçar a ideia.

Exemplo: “Subir pra cima”, “entrar pra dentro”.

Para você ter uma compreensão melhor sobre o tema, assista ao vídeo abaixo da professora Camila! Na aula, além de explicar cada uma delas, ela ainda fornece exemplos excelentes para que o assunto fique mais claro na sua mente:

Como identificar figuras estilísticas na prova do ENCCEJA?

Na prova, geralmente aparece um texto com uma pergunta do tipo: “A figura de linguagem presente na frase tem o efeito de…” ou “Identifique a figura de linguagem presente no trecho…”.

Fique esperto com:

  • Frases com exagero (Hipérbole)
  • Palavras com sentido diferente do comum (Metáfora, Metonímia)
  • Frases com sons repetidos (Aliteração, Assonância)
  • Humor ou crítica (Ironia)
  • Palavras opostas (Antítese)

Dicas para mandar bem

  1. Leia bastante: Quanto mais você lê, mais fácil fica identificar essas figuras.
  2. Pratique com músicas e poemas: Eles usam muitas figuras de linguagem!
  3. Faça exercícios de provas anteriores: Assim você se acostuma com o estilo da pergunta.
  4. Use a lógica e o contexto: Pense no que o autor quis dizer com aquela frase.

As figuras estilísticas deixam o texto mais bonito, expressivo e interessante. Elas fazem parte da nossa comunicação diária e são muito cobradas em provas como o ENCCEJA. Aprender sobre elas pode parecer difícil no começo, mas com exemplos e prática tudo fica mais fácil!

Então, que tal prestar atenção nas músicas, nas falas das novelas e até nas conversas do dia a dia? Você vai ver que as figuras de linguagem estão por toda parte. Agora que você já conhece as principais, é só praticar e arrasar na prova!

Bons estudos e até a próxima!

Exercícios


Rafaela Tavares é formada em Letras – Português e Inglês pela UNICESUMAR e atua como professora de inglês, revisora de texto e redatora em agência publicitária.